sexta-feira

EXCLUSIVO ENTREVISTA COM ITTALA NANDI E UMA HOMENAGEM AO GRANDE FERNANDO PEIXOTO...

O QUE DIZER DE ITTALA ? SIMPLES UMA ARTISTA COMPLETA E APAIXONADA PELO QUE FAZ ,POIS TUDO O QUE COMEÇA NA SUA CARREIRA ELA DA SEU PROPRIO SANGUE E NESTA ENTREVISTA VOCÊS VÃO VER, SEM FALAR NUMA SINGELA HOMENAGEM AO GRANDE FERNANDO PEIXOTO...SEM DUVIDA É UMA ENTREVISTA PRA NINGUEM PERDER ...COM VOCÊS  ITTALA NANDI...




 SUA  CARREIRA COMEÇOU NO TEATRO EM 1959 ,NO SUL DO PAÍS ,CONTE UM POUCO DO COMEÇO DE SUA CARREIRA.

Comecei na Aliança Francesa de Caxias do Sul – RS, com a peça de Ionesco “A Cantora Careca”, eu tinha 16 anos. Fiz mais um trabalho na Aliança “Espetáculo 1920”, ambos dirigidos por Nilton Carlos Scotti, colega de Fernando Peixoto, que conheci  durante essas apresentações e com quem casei no ano de 1961.




EM 1962 VOCÊ VEM PRA SÃO PAULO ,PARA ADMINISTRAR E TAMBÉM ATUAR NO TEATRO OFICINA ,O QUE MAIS MARCOU NESTA ÉPOCA PRA VOCÊ?

Não cheguei para administrar ou atuar no Oficina, quem foi indicado ao José Celso Martinez Correa, o Zé Celso, pelo Augusto Boal foi o Fernando Peixoto. Eu  formada em Ciências Contábeis, comecei a trabalhar num escritório como secretária. Ia esperar o Fernando ao final do espetáculo “Quatro Num Quarto” no Oficina. Via o Zé Celso fazendo o bordereaux do espetáculo, na bilheteria, e um dia dei um parecer a ele. Surpreso vendo que eu parecia entender daquilo ele me pergunta e eu digo que era contadora formada. A partir desse dia fui contratada como contadora do Oficina. Foi um acaso a minha entrada como atriz tb no Oficina. A peça fazia um grande sucesso e no seu elenco estava a atriz Rosa Maria Murtinho, que adoeceu e por indicação de Boal que havia me visto representar uma comédia em Porto Alegre, Zé Celso faz um teste para o personagem e eu substituo a atriz. Assim começa a minha carreira como atriz e de contadora passo a administradora, logo a seguir sou convidada assim como Fernando Peixoto para fazermos parte da Sociedade Civil Cultural Teatro Oficina e assim torno-me empresária aos 20 anos.




EM PLENO REGIME MILITAR VOCÊ FEZ VARIOS TRABALHOS ARTISTICOS ,COMO VOCÊ DRIBLOU O REGIME MILITAR? SOFREU ALGUMA PRESSÃO DA CENSURA NA ÉPOCA?

Somente “Pequenos Burgueses” foi proibido quando estava em cartas no dia 1º. De abril de 1964, dia do golpe militar, e voltou trocando o Hino da Internacional Comunista que se ouvia no final do espetáculo pelo Hino da França. No Teatro Oficina não tivemos grandes problemas com a censura. Sempre encontrávamos uma forma inteligente de mostrar e escolher nosso repertório. Com isso eles não encontravam paralelos no Index de proibições que tinham




VOCÊ FEZ MAIS DE VINTE FILMES NO CINEMA  E NA MAIOR PARTE DELES FOI PREMIADA OU INDICADA EM VARIOS FESTIVAIS DO BRASIL E NO MUNDO COMO MELHOR ATRIZ.

Nos anos 1970, eu deixo o Teatro Oficina, e me dedico exclusivamente ao cinema. Minha carreira cinematográfica é maior do que a teatral. No ano de 1971 faço três filmes: “Os Deuses e os Mortos” de Ruy Guerra que me falei o Prêmio Coruja de Ouro de Melhor Atriz e participará de diversos festivais internacionais, principalmente da Quainzene des Realizateurs, no Festival de Cannes  em 1972; o segundo filme daquele ano de 71 é o filme de Arnaldo Jabor “Pindorama” que representa o Brasil na Palma de Ouro de Cannes; filmo tb naquele ano o filme de André Faria “Prata Palomares” que representa o Brasil no Festival Internacional de Toledo – Espanha. Logo a seguir faço “Guerra Conjugal”  de Joaquim Pedro de Andrade que me valeu o Prêmio Air France de Melhor Atriz. A maioria dos 25 filmes que realizei com os diretores do Cinema Novo estiveram presentes representando o nosso país em algum festival internacional de cinema.



CONTE UM POUCO DA SUA CARREIRA NO CINEMA.
A carreira no cinema começa em 1965 quando fiz o meu primeiro filme “Gentle Rain” um filme americano dirigido por Burt Balaban. Nunca vi esse filme. A seguir fiz o filme de Sergio Ricardo “Juliana do Amor Perdido” que foi o segundo, e a partir daí praticamente tive que abandonar por dez anos o teatro porque fazia um filme atrás do outro. Amo o cinema é uma grande aventura.





 VOCÊ É UMA DAS FUNDADORAS DO FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO QUAL A MAIOR EMOÇÃO E A MAIOR FRUSTAÇÃO EM RELAÇÃO AO FESTIVAL QUE ESTE ANO COMPLETOU 43 ANOS ?

Casada com Fernando Peixoto que era crítico do principal jornal gaucho Correio do Povo, nosso apartamento era frequentado por todos os mais importantes artistas gaúchos. P.F.Gastal era um grande entusiasta na criação de um importante e significativo festival de cinema em Gramado. Uma batalha que durou anos e anos. Eu no meio do processo aprendendo e aprendendo. Era a mais nova desta equipe. Finalmente em 1972 o festival é inaugurado com grandes festas. Sucesso conquistado depois de anos e anos de batalha. Lá estava eu concorrendo com o filme “Roleta Russa” direção de Braulio Pedroso. André Faria ganha o prêmio de Melhor Fotografia. Fui convidada para júri anos depois. Estive presente, quase sempre, ao festival em que estavam sendo apresentados filmes que eu havia participado.  



EM 1964 VOCÊ ESTREIA NA TV EXELCIOR NA NOVELA MELODIA FATAL COMO FOI ESSA ESTREIA ? APOS UM PERIODO DE QUINZE ANOS VOCÊ VOLTA A TV EM O PULO DO GATO NA REDE GLOBO ,PORQUE TANTO TEMPO PARA VOLTAR A TV?
A televisão não era minha meta. Fiz em 64 a novela “Melodia Imortal” (nome correto) com direção de Walter Avancini. A minha meta nesses anos era estudar e foi o que fiz. Aceitei o convite do Governo Frances para cumprir uma Bolsa de Estudos naquele país. Fui e fiquei um ano na França quando então vivenciei o famoso movimento cultural dos 1968 a Revolução de Maio/68. Ao retornar da França no Teatro Oficina participo do aclamado espetáculo Galileu Galilei de B.Brecht. Eu participava de um grupo permanente não tinha o menor interesse em televisão. Sempre dei preferência a minha independência.





 1987 É SEU ANO ,POIS VOCÊ DA VIDA A TRÊS PERSONAGENS NA NOVELA O DIREITO DE AMAR ,JOANA ,BARBARA E NANETTE ,MAS FOI COM JOANA A LOUCA DO SOBRADO QUE VOCÊ FICOU CONHECIDA DO PUBLICO E DA CRITICA ,FALE UM POUCO DESSE TRABALHO ,O QUE MARCOU NA SUA CARREIRA ?
 Quando deixei o Teatro Oficina no ano de 1970 mudei para o Rio de Janeiro, então já separada oficialmente de Fernando Peixoto e casada com André Faria. Um período de muito cinema “Roleta Russa”, “Muito Prazer” de David Neves, “O Homem do Pau Brasil” de Joaquim Pedro de Andrade, e outros, um filme depois do outro. Eu não tinha tempo para teatro ou mesmo televisão. Mas em 87 o Jayme Monjardim me convida para fazer “O Direito de Amar” novela de Walter Negrão mas com sinopse de Janete Clair. Não resisti porque vi que os personagens de Joana a Louca do Sobrado, Bárbara e Nanette seriam marcantes na teledramaturgia brasileira. Experiência muito difícil, sofrida porque Joana não foi um personagem fácil, e creio que pela primeira vez na televisão brasileira uma atriz fazia três personagens. Senti grande prazer nesse trabalho com direção do talentoso Jayme Monjardim. Mais tarde faríamos junto “Pantanal”, outra novela de grande sucesso. E no meio entre O Direito de Amar e Pantanal fiz “Que Rei Sou Eu? De Cassiano Gabus Mendes. Ou seja de repente a televisão entrou na minha vida de forma muito benfazeja.




VOCÊ TRABALHOU EM QUASE TODOAS AS EMISORAS  DE TV , FALE UM POUCO DELAS E O QUE CADA UMA REPRESENTA PRA VOCÊ .
Fiz uma novela independente para o SBT, na Globo e agora na TV Record, não passei por todas elas. Nessas eu me dei muito bem, fui bem tratada, e profissionalmente emissoras que mostravam suas boas qualidades. 
PANTANAL FOI UMA DOR DE CABEÇA PRA REDE GLOBO ,COMO FOI FAZER PARTE DE UM GRANDE SUCESSO DE PUBLICO E CRITICA FORA DA GLOBO?
O autor Benedito Ruy Barbosa sempre quis fazer essa novela na Globo. Ele ficou feliz quando Jayme Monjardim viabilizou a produção na Manchete. Era um clima de grande alegria participar desse outro grande sucesso.


 COMO VOCÊ RECEBEU A NOTICIA DA MORTE DA SUA PERSONAGEM EM PANTANAL ,SENDO QUE VOCÊ APENAS HAVIA PEDIDO UMA LICENÇA NA ÉPOCA PRA FAZER UM FILME ? 
Amigo você está mal informado: eu fui ao Jayme e pedi para que matassem o personagem, fui eu que pedi, porque eu não sabia quanto tempo ficaria na Índia fazendo meu filme. Esse pedido foi decorrente do fato que o Governo da Índia colocou uma data para que eu iniciasse a produção lá. O Governo indiano foi coprodutor comigo. E eles impuseram que as filmagens fossem feitas antes do final do ano de 1990. O Pantanal havia apenas começado e faria aquele sucesso estrondoso. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Pedir pra matar o personagem principal da novela que fazia o maior sucesso, não foi fácil, pode ter certeza. Mas... Não me arrependo, o que vivi na Índia superou todas as dúvidas e as dores dessa minha decisão. PS: DESCULPE ITTALA NANDI E PESSOAL QUE VÃO LER ESTA ENTREVISTA MAS FOI ESTA INFORMAÇÃO QUE TIVE MAS GRAÇAS A VOCÊ ITTALA MEU ERRO FOI CORRIGIDO BJUS .


2005 VOCÊ FECHA CONTRATO COM A RECORD PRA FAZER PARTE DO GRANDE SUCESSO PROVA DE AMOR ,CONTE NOS UM POUCO DESSE TRABALHO , DESSA MUDANÇA DE EMISSORA ,E A RECEPÇÃO NA RECORD SUA NOVA CASA.
Foi a primeira novela a ser gravada no Rio. Foi lindo, porque estaria fazendo mais um trabalho com meu amigo de muitos anos Tiago Santiago que havia conhecido quando fiz “BRIDA” de sua autoria baseado no livro de Paulo Coelho. “Prova de Amor” também incomodou muito a audiência da Globo. Uma novela luminosa, bem dirigida, alegre mesmo tratando de um tema sério. Foram dias de grande alegria pra mim. O clima era gentil e afetivo no trabalho, como é até hoje.





2007 FOI UM ANO DE MUITA ALEGRIA PRA RECORD E PRA VOCÊ POIS A TRILOGIA DOS MUTANTES ,FOI SUCESSO COMO FOI FAZER A DRa JULIA ZACARIAS ,QUAL A RECEPÇÃO NAS RUAS ,POIS ERA UM TRABALHO DIFERENTE COM EFEITOS ESPECIAIS ,VOCÊ ACHA QUE O TIAGO SANTIAGO DEVERIA VOLTAR A INVESTIR NESTE TIPO DE HISTORIA ?
Foi glorioso interpretar a Dra. Julia Zacarias, outro personagem que o público não esquece. Quando visitava colégios que solicitavam minha presença eu me surpreendi com o desejo das crianças de ser mutante. Era unanime esse desejo. Acho que há espaço sim para esse tipo de teledramaturgia. Sem dúvida é muito desgastante, porque normalmente são gravadas dezessete cenas por dia, mas por causa dos difíceis efeitos que os mutantes exigiam, gravávamos três, quatro cenas diárias. Complicado como produção.



 2011 VOC^DA VIDA A ZAIRA HERVILAQ NA MINISSERIE SANSÃO E DALILA ,COMO FOI PARTICIPAR DE UMA TRAMA BIBLICA? COMO FOI O PREPARO?
Gostei imensamente dessa participação e me surpreendi com o cuidado na preparação do elenco, foram três meses de intenso trabalho com aprendizado de danças, andar com aquelas saias, amassar pão, aprender uma nova etiqueta, foi muito curioso. Jamais havia feito tanto trabalho preparatório em televisão. Já aparecia nessa produção o cuidado, o excelente  profissionalismo que vivenciei nos “Milagres de Jesus” e agora vendo no “Os 10 Mandamentos”.



2013 VOCÊ DA VIDA A CATHERINE FONTAINE UMA ESTILISTA FALIDA, MAS DE RENOME NA ALTA SOCIEDADE NA NOVELA DONA XEPA SEU SEGUNDO TRABALHO COM O GRANDE AUTOR GUSTAVO REIZ, CONTE -NOS SOBRE ESTE TRABALHO.
Os personagens que tenho interpretado na TV Record foram todos muito bem adaptados ao meu perfil de atriz, fortes, arrojados, diferenciados um do outro. Gosto da forma como sou escalada. D.XEPA foi mais uma produção cuidada, bem dirigida, num texto também muito interessante e bem escrito. 



MILAGRES DE JESUS OUTRO GRANDE MARCO NA SUA CARREIRA NA RECORD , COMO FOI PARTICIPAR DESTE PROJETO?
Como já disse, esse caminho das histórias bíblicas é um grande achado para a TV Record. O público gosta disso, independentemente de qual seja sua religião. São produções bem cuidadas, cenários reais, gostei imensamente de fazer a mãe do “Cego de Jericó”. Pela primeira vez na televisão trabalhei sem qualquer maquiagem, gostei disso.




VOCÊ FEZ O ESPECIAL DE FIM DE ANO MANUAL PRATICO DA MELHOR IDADE ,GOSTOU DO PROJETO, TEVE UM AR DE REBELDIA,VOCÊ CONCORDA QUE ERA PRA MOSTRAR QUE A MELHOR IDADE VIVE COM A ADRENALINA?
Lamento que não tenham percebido que esse especial traz um tema muito atraente que permitiria a realização de um seriado de sucesso. Amei fazer em todos os níveis, de produção e humano. 


CORRE NOS BASTIDORES QUE VOCÊ ESTARÁ EM JOSUÉ E A TERRA PROMETIDA,ISTO CONFERE?
Ainda não tenho confirmação. Mas eu vou amar fazer. Trabalhar sob a direção de A. Avancini é um privilégio.


 VOCÊ JA FEZ DE TUDO NA TV , TEATRO E CINEMA ,MAS NOS DIGA QUAL PERSONAGEM ITTALA NANDI GOSTARIA DE FAZER QUE AINDA NÃO FEZ?
Gostaria de fazer Shakespeare.


ESCRITORA ,  EM 1989 PUBLICOU  TEATRO OFICINA ,ONDE A ARTE NÃO DORMIA. E O LIVRO FUTURISTA OS SONHOS DE VESTA , CONTE-NOS DESSE SEU LADO E DOS LIVROS .
Quando eu era adolescente, morando na 7ª. Légua onde nasci, no interior da cidade de Caxias do Sul – RS, eu só fazia ler. Lia tudo. Com 12 anos estava lendo Sartre. Quando meu pai ia à cidade eu pedia que me trouxesse um livro. Ele curtia muito que eu lesse. Eu queria ser escritora. Nunca imaginei que viria a ser atriz. Essa não foi minha escolha, foi o acaso, o destino pode-se dizer. Agora estou podendo escrever, já lancei além desses dois que você sita, “Teatro, Começo até...” pela editora Hucitec. Aguardo o lançamento do meu livro de contos “MILAGRES”.

VOCÊ É PROFESSORA ,COORDENADORA DE TEATRO ,CINEMA E TV , TRABALHOU NA UNIVERCIDADE E NA UNIVESIDADE  ESTACIO DE SÁ NO RIO DE JANEIRO ,HOJE VOCÊ É COORDENADORA ESCOLA SUPERIOR SUL-AMERICANA DE CINEMA E TELEVISÃO DO PARANÁ ,EM PINHAIS INSTITUTO ESTE COM PADRÃO CUBANO ,E ALEM DISSO VOCÊ A IDEALIZADORA E FUNDADORA DO FESTIVAL DE CINEMA DO PARANÁ , UFAH! COMO ARRUMA TEMPO PRA TENTA COISA AO MESMO TEMPO ,QUAL O PRAZER EM VER TUDO REALIZADO E SEUS ALUNOS SE FORMANDO ...
A área de educação foi outro acaso na minha vida. Uma querida amiga, Isabela Thiago de Mello, filha do grande poeta, me procurou um dia de 1993 e me forçou a ir até a  Faculdade da Cidade para dar vida ao Curso de Formação de Atores daquela entidade que estava sem coordenação. Ela tanto insistiu que eu fui. E quando vi já estava animando, contratando, coordenando e mais, dando aulas. Fiz coisas excelentes naqueles nove anos, dirigi muito, não foi apenas um trabalho burocrático. Aprendi muito tb. E esse esforço todo me valeu o Notório Saber em Artes Cênicas, hoje sou Dra. em Artes Cênicas que me foi concedido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- UNIRIO. Em 2005 o ex- Governador do Paraná, meu amigo de quando éramos jovens, Roberto Requião, me chama para ajudá-lo a fortalecer o polo de cinema daquele estado. Fui, analisei as coisas e sugeri a ele que se criasse uma faculdade de direção para cinema e televisão nos moldes da escola cubana. Fizemos. Quando há vontade política as coisas acontecem. A CINETVPR está lá funcionando. Para dar luz a essa atividade, criei o Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino.  Foi um grande sucesso. Existiu até 2009, quando o novo governador Beto Richa acabou com o festival. Se a escola não fosse uma faculdade ele provavelmente tb teria acabado com ela. Amo ver meus alunos fazendo suas coisas, crescendo. Fui dirigida por um ex-aluno meu Daniel Ghivelder na TV Record. Ele me dirigia com grande alegria e iniciava as gravações me dizendo: “Bom dia Mestra!”


VOCÊ FOI CASADA DUAS VESES , COM O DIRETOR TEATRAL FERNANDO PEIXOTO  E O CINEASTA ANDRE FARIA QUE É PAI DO SEU UNICO FILHO, AMBOS FAZEM PARTE DA HISTORIA DAS ARTES NO BRASIL ,VOCÊ VIVEU MOMENTOS BONS COM ELES NAS ARTES E NA VIDA? FALE UM POUCO DESSAS PARCERIAS.
Fernando Peixoto crítico de teatro do mais importante jornal do Rio Grande do Sul, nos anos 60, o Correio do Povo, foi a Caxias do Sul, ver a apresentação de uma peça do Ionesco “A Cantora Careca” que era dirigida por seu amigo e ex colega do Curso de Atores da Universidade do Rio Grande do Sul, Nilton Carlos Scotti. Foi tudo muito rápido, nos conhecemos e seis meses depois estávamos casando com véu e grinalda. Com Fernando eu me reeduquei, pode-se dizer assim. Ele lia muito e eu também lia muito. Ouvia calada toda a conversa sobre cinema, literatura, teatro, artes plásticas, enfim, Fernando foi a universidade que eu não fiz. Mesmo desquitados continuamos trabalhando juntos no Teatro Oficina, quando ele saiu do grupo. Ele foi o primeiro, eu logo a seguir. André chega a minha vida junto com o cinema. A gente se conheceu fazendo o filme “América do Sexo”, que de sexo não tinha nada. Ele era o diretor de fotografia. Com André convivemos fazendo filmes, produções de publicidade, ele era e é muito eficiente nisso, conhece tudo. Viajamos muito, fizemos juntos “Prata Palomares”, filme que foi a Cannes, e “Roleta Russa” Somos os pais do nosso querido filho Giulianno, minha melhor produção em 56 anos de carreira.



 BOM FALANDO NO GRANDE FERNANDO PEIXOTO ,ESCRITOR,  TRADUTOR,  ATOR, DIRETOR  E OUTROS VAMOS FAZER UMA HOMENAGEM  ESPECIAL HOMENAGEM ESTA QUE DEVERIA TER RECEBIDA EM GRAMADO MAS QUE ATÉ HOJE NÃO RECEBEU,VAMOS FALAR DO PROFISSIONAL DAS ARTES ?O QUE ELE REPRESENTOU PARA AS ARTES NO BRASIL AO SEU PONTO DE VISTA?
Fernando era genial. Recordo quando morávamos juntos em Porto Alegre, ele aprendia Alemão, porque o Inglês ele já havia aprendido assim, com esses discos que se compram para estudar em casa. Traduzia textos do original de ambas as línguas e mais tarde tb do Frances. Fernando tinha uma importância enorme no Teatro Oficina, todos os textos de nossos programas eram feitos por ele. Dentro do grupo ele tinha uma participação sempre presente, ativa. E fora do grupo ele mantinha contatos com outros grupos, como o próprio Teatro de Arena. Fernando dirigia, e depois anos mais tarde passou a dirigir óperas. Tem uma dezena de livros importantes editados, passou a ser também revisor da Editora Hucitec. Estivemos juntos durante um mês antes dele falecer. Ele estava com um excelente humor. Não atendia ao telefone porque não tinha mais nenhum interesse pelo mundo externo. Para o mundo das artes nacionais ele representa o que há de pós-moderno da área intelectual. Ele escreveu: “Hoje, temos um teatro sem censura, mas até o momento ainda não foi possível, por diferentes razões, nem mesmo testar o grau desta “Abertura”: nenhum espetáculo desafiou aos valores oficiais, realizando uma análise crítica da realidade a partir de uma perspectiva nacional e popular, capaz de transformar-se num centro de reflexão política, num divertimento fascinante para redespertar o público e interessá-lo na magia do teatro e na estimulante e necessária aventura de transformação da sociedade.”






 FERNANDO PEIXOTO FUNDOU O TEATRO EQUIPE  NOS MOLDES DO TEATRO ARENA DE SÃO PAULO ,CONTE-NOS UM POUCO  DESSE COMEÇO DE CARREIRA DELE .
Fernando se formou em direção no Curso de Arte Dramática da Universidade do Rio Grande do Sul, criou um grupo para fundar um teatro junto a Mario de Almeida, outro importante homem de cultura gaucho. O Teatro de Equipe teve um papel histórico de resistência durante a Legalidade. Eu entrei para o grupo fazendo a peça “O Despacho” de M. de Almeida. Fernando era respeitadíssimo pela nata da inteligência gaucha, sendo protegido de Erico Veríssimo, que foi quem havia lhe conseguido o emprego de Crítico de Teatro no principal jornal gaucho o Correio do Povo.  Fernando era um fenômeno, conhecido e respeitado pelos mais importantes grupos culturais de quase todos os países sul-americanos, na Alemanha, na Itália e na França.


 ELE FOI MEMBRO DO COMITÊ  CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO, ERA DIFÍCIL NESTA ÉPOCA FALAR QUE ERA COMUNISTA ? COMO ERA O PAÍS NESTA ÉPOCA PARA OS ARTISTAS ?
O interessante é que eu nunca percebi que Fernando fosse “comunista”, e ele era filiado ao Partido. Também no T. Oficina ele nunca demonstrou qualquer interferência, ou mesmo imposição de qualquer tipo de partidarismo.

 ELE ERA UM MONSTRO SAGRADO DAS ARTES ,POIS ATÉ ÓPERA ELE DIRIGIU ,CONTE UM POUCO DESSE LADO DELE.
Pois é, durante os anos 80, 90, Fernando dirigiu muitas óperas. Não sei quais foram, mas lembro que ele me contava entusiasmado sobre essas montagens.


 NO CINEMA ELE FEZ DEZ FILMES, TENDO GRANDE DESTAQUE NOS FILMES BEBEL ,GAROTA PROPAGANDA , FOGO MORTO E O PREDILETO,ERA BOM FAZER CINEMA NOS ANOS 70 NO BRASIL?
Fernando, talvez por ter substituído muitas vezes o grande crítico gaucho de cinema P.F.Gastal em suas crônicas no jornal, ele também se inclinava ao cinema, amigo que era de todos os cineastas, J. C. Bernardet, Capovilla, tantos e tantos outros. O nosso Peixotinho, como era chamado pelos mais próximos, atuava também. Era um ator muito bom, além de roteirista. Sim na década de 70 fizemos filmes muito bons. O medo da censura nos fez criativo. O mundo da globalização nos fez superficiais.




 ELE PUBLICOU 24 LIVROS ,MAS SEU MAIOR DESAFIO AO MEU VER ,FOI COM BRECHT ,VIDA E OBRA ,QUE LHE DEU MAIS TRABALHO E TAMBEM ABRIU PORTAS PARA OS OUTROS  POIS ESCREVER SOBRE BRECHT É...
Fernando tornou-se um esperto em Br.Brecht, como ia seguidamente à Berlim oriental e trabalhar no Berlinner Ensemble, a casa de Brecht, esse mundo do “distanciamento” fazia parte dele mesmo. Como escreveu Fernando: “Acho que a responsabilidade do artista hoje é a da profundidade, é a tentativa desesperada de seguir o que disse Brecht: afunde,  aprofunde o mais que puder, pois só assim poderá descobrir a verdade.” 

ELE LUTOU PELA LIBERDADE DEMOCRÁTICA  CONTE -NOS UM POUCO SOBRE ESTA LUTA.
A vida do Fernando sempre foi de luta pela liberdade. Ele era antes de qualquer outra classificação, um grande humanista. Penso que o que fez Fernando se afastar do mundo ao seu redor foi uma profunda decepção com o caminho por onde enveredou a cultura nacional “A vitória do espetáculo que diverte com o preço de mentir e enganar, institucionalizando a mistificação e a ilusão em nossos palcos.” Escreveu ele.



DIRETOR DE VARIAS PAÇAS TEATRAIS ,ELE DIRIGIU GRANDES NOMES DO TEATRO BRASILEIRO , VOCÊ JA FOI DIRIGIDA POR ELE? COMO ERA FERNANDO PEIXOTO COMO DIRETOR ?
Nossa carreira foi mais como colegas no palco, contracenamos juntos muitas e muitas vezes. O primeiro trabalho juntos foi na peça “O Despacho” de Mario de Almeida, depois vieram os inúmeros trabalhos nos palcos do Oficina durante nove anos. Ele me dirigiu na peça “O Poder Negro” de Leroy Jones. E em Paris quando apresentamos “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade, quem dirigiu a montagem para o Teatro della Commune foi Fernando. Em Montevideo, Fernando dirigiu a peça do Guarnieri “A Semente” em que eu fazia a intérprete principal -  Rosa.



  
VOCES DIVIDIRAM UMA PEÇA JUNTOS  VASSAH ,A DAMA DE FERRO , E ALEM DESSA OUTROS TRABALHOS TANTO COMO DIRETOR , ATOR  DRAMATURGO E VICE VERSA COMO ERA ESSA QUÍMICA ?
 Uma das grandes alegrias que essa peça de M. Górki me proporcionou foi levar ao palco comigo novamente os meus colegas geniais dos tempos do Oficina: Renato Borghi, Fernando Peixoto e José Celso Martinez Correa.


VAMOS NÓS AQUI NESTE SINGELO ESPAÇO FAZER JUS A ESTE GRANDE ICONE DAS ARTES NO BRASIL , FIQUE A VONTADE QUERIDA ITTALA NANDI E SEUS AMIGOS PARA FAZER A HOMENAGEM E FALAR O QUE QUISEREM SOBRE SEU AMIGO , COMPANHEIRO  E PARCEIRO DE VIDA , PALCO E ETC...
Vou falar com as palavras dele: “Existe em todo o país uma indisfarçável crise de pensamento e ação. Intelectuais e artistas estão quase paralisados e em certo nível perplexos. Atores, encenadores, cenógrafo, dramaturgos, alguns produtores independentes, são todos vítimas
queimando numa imensa fogueira. Poucos são os que ainda, mantendo lucidez e coragem, realizam um trabalho válido e socialmente responsável dentro das atuais circunstâncias. Para usar uma expressão de Artaud, poucos são os que conseguem, enquanto são queimados, transmitir sinais de dentro das chamas.”






UMA REFLEXÃO...
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” A. Einstein.

ITTALA NANDI POR ITTALA NANDI...
Sou uma sobrevivente que ainda consegue existir com alegria de vida diante de tantas perdas de amigos e ver o afogamento da própria cultura.

 RECORD PRA VOCÊ É ...
Um espaço de criação que me orgulho de fazer parte dessa proposta.

 PLANOS PARA O FUTURO...
O lançamento de um livro de contos de minha autoria “MILAGRES”; o filme da produtora paranaense Oger Sepol Produção  “Hotel Delire”; o seriado de Henrique F. de Lima “Estrada da Solidão”, aguardando o lançamento do filme que acabei de fazer em Natal – RN “Nova Amsterdam” dirigido por Edson Soares. E esperando a confirmação da participação em “Josué”. A consolidação da nossa Escola Técnica de Formação de Atores no Espaço Nandi. 
Ittala Nandi - Atriz  /  Notório Saber  pela UNIRIO - Dra. em Artes Cênicas 
Comendadora pela Ordem do Mérito Cultural da Republica Federativa do Brasil
Atriz Exclusiva - TV Record - RECNOV-RJ
Diretora - Nandi Produções Artísticas Ltda. (SIMPLES)
Presidente - Instituto Sul-Americano de Audiovisual (OSCIP)
Fone: 55 21 3500.4262 / 21 3215.1503 / Cel: 55 21 7840.4018

QUERIDA ITTALA OBRIGADA PELA CONFIANÇA NESTE FÃ POIS FAÇO COM CARINHO MINHAS PERGUNTAS  SE PRECISAR DIVULGAR NO BLOG ALGUM TRABALHO ME AVISE PELO FACE QUE TEREI O MAIOR PRAZER DE DIVULGAR SEJE BEM VINDA A FAMILIA PIMENTANEWSRECORD VOCÊ JA FAZ PARTE DELA...BJUS DO AMIGO DUDAPIMENTANEWS...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E você, o que acha disso? Comente aqui para que todos os leitores, também saibam!